terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Remédios para o contemporâneo



 Uma madrugada
Te levantas
Pé na estrada…
Rumo à praia
Lá, pouca gente se vê
Nem seu fim.
No quintal,
Um mundo te ocupas:
Cheirar o vento
Sentir o mar
Olhar os pássaros
A gorjear
Missão da tarde:
Na rede, se ajeitar
Pois que todo poeta é do seu tempo
(esse é de nem viver o passar)
Vem pra cá, vai pra lá
Tablet
Celular
Ilusão de rodeado
Estar
Deixa a luz apagar
O aparelho,
descarregar.
O vento,
quase levar
Sente a vida, antes
Que sinta
Não sentí-la passar...

365 dias



O cair da tarde de outono
É assim –
fresco, relaxante...
ele permite que o sol brilhe,
nos aqueça
e traz um frescor aos sentidos,
ao fim do dia.
Ai, como eu queria
assim, 365 dias!
Flores florescem,
sol aquece
vento, leve...
mas cada tempo traz seu jeito:
calor, frio, suor, arrepio.
A vida segue seu ritmo –
Intensa, amena...
Às vezes,
POEMA!

Uma receita para fazer poesia



Pegue algum tempo
Que crie eternidade
De solitário
Junte um pouco de:
Angústia, ou ansiedade
e/ou alegria, paixão;
mexa  levemente a mente
a vaguear por palavras
deixe descansar, a ler:
poesias cativantes.
Enquanto isso, viaje -
de corpo e alma
não dose muito a quantidade –
mas atenção à qualidade,
ao ver o trem passar e...
Pronto! Respirar.

Rende inúmeras porções de satisfação.

Crônicas do dia a dia



 Fazia um tempo que eu não escrevia nada. Isso já estava me entediando. Mas hoje, como resolvi me despir das poesias, algo me veio. Veio pelo cansaço e pela poesia. A segunda me deixa muito cansada. Não paro de ter que pensar. Mas, semana passada tive um tempinho, e encontrei um sujeito que não tinha contato há tempos: Alberto Caiero, do Pessoa. Tava procrastinando revê-lo, apesar de pensar nele às vezes, por achá-lo bucólico demais. Mas não é só isso. Umas letras me tocaram, elas falavam o quanto é bom pensar em nada e rir sem motivo. Hoje, em meio a tantos pensamentos exigidos, fiz colegas de trabalho rirem, sem nem pretender...fui feliz! Cheguei ao lar e precisei escrever, então vim correndo ao encontro de papel e lápis, sim, LÁPIS! Não queria correr o risco da caneta falhar. E também senti falta de solidão.
Não sei se o que eu tinha era solidão...mas assim vou chamar, por não ter vocábulo melhor e por ter certeza que a ele não atribuo juízo de valor. Às vezes ela era angustiante, mas me permitia, com mais facilidade, o NÃO pensar do Caiero. Quando se escolhe abdicar da solidão, isso fica mais difícil. Aquela tal angústia que às vezes dava sinais de vida meio que some.
Mas o contato íntimo, profundo e desejado de prolongamento com o outro nos coloca cara a cara com nossas questões, talvez intocáveis caso permanecesse a escolha pela solidão. E tudo isso não me deixa o pensamento cessar. Mesmo quando tento, quero, o inconsciente não me deixa em paz: os sonhos agitam minhas noites! Essa é outra novidade que eu tento acalmar, mas não há o menor controle. O que eu preciso para uma parada no pensar?